Os cientistas do projeto BOHEMIA exploram uma estratégia de controlo de vetores inovadora, com o fim de levarem a melhor aos mosquitos
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Em 2021, a fêmea do mosquito Anopheles, um vetor potente do parasita da malária, provocou 619 000 vítimas mortais. A região africana da OMS registou 96% de mortes, o que traça uma imagem sombria das desigualdades na saúde.
O papel do controlo de vetores não pode ser subestimado nos êxitos alcançados até agora pela comunidade da malária, contribuindo para uma descida constante do número de mortes causadas pela doença. Contudo, os mosquitos estão a desenvolver uma resistência aos inseticidas, nomeadamente os piretroides, um componente extensivamente utilizado nos ITN e nas IRS. Além do mais, as ferramentas de controlo de vetores atuais só têm capacidade para atingirem os mosquitos em espaços interiores. Isto vem sublinhar a urgência de reforçar o arsenal de combate à malária através da exploração de novas estratégias de controlo de vetores.
Perante a necessidade evidente de novas ferramentas de controlo de vetores, os investigadores do ISGlobal Carlos Chaccour e Regina Rabinovich puseram-se a explorar o potencial da ivermectina para reduzir a transmissão da malária e deram início ao projeto BOHEMIA (pela sua sigla em inglês – Broad One Health Endectocide-based Malaria Intervention in Africa), uma administração massiva de medicamentos (MDA). Para tal, confiaram nos conhecimentos de Marta Maia e na capacidade de implementação de Caroline Kiuru.
As actividades de entomologia do projeto estão a decorrer em Moçambique e no Quénia. A equipa está a estudar os vectores da malária para ajudar a responder a algumas das questões de investigação do BOHEMIA e ajudar os programas locais de controlo da malária a tomar decisões informadas sobre intervenções adaptadas aos seus contextos locais.
À medida que convergem novas ameaças, as ferramentas tradicionais tornam-se menos eficazes, pelo que hoje, mais do que nunca, temos de priorizar os esforços científicos para encontrarmos ferramentas e estratégias contra a malária inovadoras e inéditas. Temos de nos antecipar e superar os parasitas da malária, em constante evolução, assim como os seus vetores.