O terceiro encontro da IVERMEN (Ivermectin Research for Malaria Elimination Network – Rede de Investigação da Ivermectina para a Erradicação da Malária) teve lugar a 3 de novembro de 2022, em Seattle. Mais de 50 participantes de diferentes setores marcaram a presença neste encontro de partes interessadas com o fim de explorar o potencial da ivermectina para combater a malária.
A IVERMEN foi formada durante o encontro anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, em Nova Orleãs, em novembro de 2014, quando um grupo de académicos, membros de várias ONG, e agências de financiamento se reuniram para discutirem as últimas provas da utilização potencial da ivermectina como ferramenta de controlo de vetores da malária. O principal objetivo do grupo é estabelecer uma agenda de investigação comum que possa gerar uma base de provas sobre se as estratégias assentes na ivermectina podem ou não constituir uma adição ao crescente arsenal destinado a interromper a transmissão da malária.
A IVERMEN 2022 contou com uma agenda muito completa, já que foi a primeira vez que se realizava este encontro depois da pandemia da covid-19. Durante o evento apresentaram-se os ensaios e as investigações seguintes.
- Ensaio sobre a ivermectina na Tailândia: implementado pela Unidade de Investigação Mahidol Vivax apresentou um ensaio sobre a ivermectina na Tailândia que contou com 6356 participantes.
- RINDAMAL II: um ensaio de grupo aleatorizado duplamente cego sobre a ivermectina no Burkina Faso para o controlo integrado da malária, dirigido pela Universidade do Estado do Colorado.
- Projeto BOHEMIA: liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) implementou a MDA em Moçambique. A MDA no Quénia está a ser posta em prática pelo Instituto de Investigação Médica do Quénia em colaboração com o programa de investigação KEMRI | Wellcome Trust. O projeto contou com mais de 20 mil participantes no ensaio de Moçambique.
- Projeto IMPACT: liderado pela MedinCell, o projeto visa interromper a transmissão da malária através do desenvolvimento de uma forma injetável de ivermectina de efeito prolongado, que seria mais fácil de administrar e contaria com uma maior aceitação.
- Ivermectina oral quinzenal (LYN-163) para a prevenção da malária: liderado pela Lyndra Therapeutics, este fármaco experimental, quando administrado em adultos, em zonas em que a malária é endémica, mantendo uma concentração de plasma constante de ivermectina durante duas semanas após uma única dose, tem o potencial para reduzir a transmissão e a incidência da doença em toda a comunidade.
- Desenvolvimento da coformulação albendazol-ivermectina: liderado pela Universidade Nacional de Salta/CONICET, a coformulação desenvolvida por este projeto estará disponível em breve, e os dados de segurança, embora ainda sejam limitados, são encorajadores.
As apresentações estiveram seguidas de uma discussão sobre os desafios que se avizinham e como superá-los. Ficou acordado que a partilha de dados dentro da comunidade de investigação dedicada a explorar a ivermectina era crucial para promover futuras investigações sobre esta matéria, assim como para gerar interesse junto de partes interessadas tais como a Organização Mundial da Saúde, programas nacionais dedicados à malária, autoridades reguladoras, fabricantes de genéricos e investigadores. Os dados dos diferentes ensaios sobre os efeitos na gravidez também têm de ser partilhados dentro da comunidade, para que possam ser tidos em consideração na conceção de futuros ensaios sobre a malária que envolvam a ivermectina.
De acordo com Carlos Chaccour, diretor da área científica do projeto BOHEMIA e cofundador da IVERMEN, «desde a sua primeira organização em 2014, este encontro anual tornou-se uma grande oportunidade para a comunidade de intercambiar novas descobertas e levar a cabo uma abordagem colaborativa e estratégica, com o fim de incluir a ivermectina no conjunto de ferramentas contra a malária».
Para ficar a conhecer mais ensaios relacionados com a malária, consulte MESA Deep Dive, uma coleção de 41 projetos, de 23 centros de investigação e o quadro de referência para incluir a ivermectina no conjunto de ferramentas contra a malária.